Inicialmente
a proposta do arquivo online era registar e guardar
momentos ou corpos, que de certa forma provocavam em mim, um
movimento interno.
Criar
um género de diário plástico contínuo, onde pudesse guardar
imagens, movimentos ou sons, que iam surgindo no meu dia-a-dia, e
despoletavam o meu interesse, enquanto espectadora de movimentos.
O
objectivo inicial, era integrar no meu quotidiano, a pratica de um
estado de awareness, no sentido de me servir como
ferramenta criativa em dança, no estúdio. Uma prática que
incutisse, sobre a reflexão e a sensação, um sentido “orgânico”
de “pensar” primeiramente com o corpo.
Por se
pretender praticar estes sentidos sensíveis, na criação deste
espaço, não procurei definir uma regra, dentro desta “natureza”
de registos - entreguei ao acaso as decisões sobre cada matéria.
O
exercício era, o de estar disponível para encontrar ou deixar vir
ao meu encontro as situações. Não prever, com antecedência qual o
local, a situação ou media a utilizar – dessa
forma estaria a “comprometer” todo um leque de possibilidades.
Daí a qualidade média dos registos - todos os objectos foram
capturados, com as ferramentas que possuía no momento (câmera do
telemóvel, maquina fotográfica, MP3 com gravador de som).
A
fotografia, o video, ou o som, não são áreas que domine, porém
considero-as ferramentas essenciais neste processo. São ferramentas,
que me fornecem a possibilidade de registar com exatidão, pequenos
“mapas” de corpos e movimentos, e assumo-os como tal.
Mesmo
reconhecendo que, enquanto objectos individuais, carecem de qualidade
sonora ou de imagem, ou de conhecimentos técnicos para uma
composição mais estruturada, estes são pontos que não considero
relevantes neste contexto.
Enquanto
artista, agrada-me a textura crua dos materiais, pois o mesmo me
agrada no movimento. Se o foco de interesse deste ensaio, se situa na
zona entre movimentos espontâneos e corpos orgânicos, é natural
que o olhar intelectual e plástico, se interessem por conceitos
semelhantes.
O
mesmo se aplica ao desenho. Não é uma área que domine, aliás não
tenho quaisquer conhecimentos técnicos, porém é uma ferramenta que
recorro frequentemente enquanto ferramenta expressiva. Encontro no
desenho uma forma de usar o movimento do meu corpo, para exprimir
emoções, sensações ou estados. não pretendo colocar sobre esta
matéria, questões na ordem da forma ou da estética.
Neste
sentido, entendo que o arquivo seja mais, que o resultado de uma
prática. É o guia plástico, uma “caixa de memórias” de
texturas, um WORKBOOK, que quando revisitado desperta memórias de vários
sentidos (cinestésico, visual, olfactivo, auditivo, etc) e despoleta
pequenas intenções de movimento.
“embodied
natures”,
pretende levantar considerações sobre uma consciência corpórea
dos elementos:
|
arquivo | cor | textura | forma | cheiro |
|tonalidade
| temperatura | linha
Uma
tentativa de expansão da percepção de corpo e movimento, enquanto
concretização de um sentido plástico revelado na subtileza de
movimentos.
Enquanto
processo criativo, na concretização de uma pratica pessoal,
propus-me a criar um diário plástico, entre Janeiro e Dezembro de
2015.
A
proposta inicial, era criar um espaço onde pudesse guardar e
partilhar com o 'mundo', memórias físicas e plásticas de
pequenos acontecimentos, que me estimulavam um movimento interno.
___
Concepção: Isabel Costa
Consultadoria artística: Joana von Mayer Trindade
Música: Filipe Lopes
materializa
em formato livro e instalação audio-visual, esse diário
plástico construído ao longo de um ano.
surge
enquanto ato performativo a partir da incorporação dos materiais
recolhidos para esse arquivo online.
surge enquanto zona de partilha (em formato workshop), onde se aborda esta prática com um grupo de pessoas, no sentido de expandir o arquivo para fora de uma esfera pessoal, criando um Arquivo mais global.
____________________________________________________________________
Initially, a proposal of the online
archive was to record and store moments or bodies, which somehow
provoked in me, an internal movement.
I wanted to create a continuous plastic
diary, where I could keep images, movements or sounds, which were
appearing in my day-to-day life, and triggered my interest as a
spectator of movements.
The initial objective was to integrate
in my daily life, a practice of a state of awareness. A practice that
instilled, on reflection and sensation, an "organic" sense
of "thinking" first with the body.
By practicing these sensitive senses, I
didn't look to define a rule, within the "nature" of
records - I randomly handed down decisions on each subject.
The exercise was to be available to
find or let come to me. It's not about predicting which location,
situation or form. Otherwise I was "compromising" a whole
range of possibilities.
All the objects were captured, with
tools that I have at the moment (camera of the mobile phone,
photographic machine, MP3 with sound recorder....).
This individual objects, had lack sound
quality or image, or technical knowledge for a more structured
composition, but these are points that I do not consider relevant in
this context.
As an artist, I like the raw texture of
the materials, because I like it in the movement. If the focus of
interest of this essay lies in the zone between spontaneous movements
and organic bodies, it is natural for the intellectual and plastic
gaze to be interested in similar concepts.
The same applies to drawing. I do not
have any technical knowledge, but it is a tool that I often use as an
expressive tool. I find in drawing a way to use the movement of my
body to express emotions, sensations or states. I do not intend to
put questions on this matter in the order of form or aesthetics.
In this sense, I understand that this
online archive is more than the result of a practice. It is the
plastic guide, a "memory box" of textures, a WORKBOOK,
which when revisited awakens memories of various senses (kinesthetic,
visual, olfactory, auditory, etc.) and triggers small intentions of
movement.
"Embodied natures," intends
to raise considerations about a bodily consciousness of the elements:
| file | color | texture | shape | smell |
| tonality | temperature | line
An attempt to expand the perception of
body and movement, while realizing a plastic sense revealed in the
subtlety of movements.
As a creative process, in the
accomplishment of a personal practice, I proposed to create a plastic
journal, between January and December 2015.
The initial proposal was to create a
space where I could keep and share with the 'world', physical and
plastic memories of small events that stimulated me an internal
movement.
___
Conception: Isabel Costa
Art Consulting: Joana von Mayer Trindade
Music: Filipe Lopes
Materializes in book format and
audio-visual installation, this plastic diary built over a year.
Emerges as a performative act from the
incorporation of the materials collected for this online archive.
emerges as a sharing zone (workshop), where this practice is approached with a group of people, in the sense of expanding the archive out of a personal sphere, creating a more global Archive.